* * * O INDIO E A ARARA * * *
Há alguns anos estive num lugar distante daqui. Uma selva deslumbrante e cheia de mistérios que me apaixonaram. No vilarejo próximo, conheci a história fabulosa do indiozinho que procurava uma arara, dona da pena que trazia no cocar. E, por mais incrível que pareça, eu o conheci, de verdade!
Foi assim que o encontrei pela primeira vez: caía a tarde e eu caminhava pela densa mata a colher amostras de plantas silvestres - pois estava trabalhando -, amedrontado pelos animais que me cercavam, quando saltou à frente aquela figura fantástica e sedutora. A princípio me assustei, mas depois, sem dizer nada, ele me acalmou com seu olhar.
- O que fazes aqui, menino? - disse eu, carinhosamente.
- Estou à procura da minha arara. Ela é muito importante para mim.
- Compreendo... tu a perdeste na selva? Mas este lugar é muito extenso e perigoso para um menino tão pequeno caminhar à procura de sua ave.
- Há muitas luas que as araras são amigas do meu povo. E esta que procuro é a dona da pena que trago em meu cocar. Sempre foi minha companheira: ela me emprestava o seu colorido e eu a protegia das serpentes. O seu revoado por sobre nossa aldeia unia o azul do céu ao amarelo do sol e ao verde das matas. Mas agora todas as araras se foram, inclusive a aminha melhor amiga. Preciso encontrá-la, pois deve estar sozinha e correndo perigo de ser devorada.
O indiozinho falava com tanta angústia que me tirava lágrimas dos olhos. E também eu passei a procurar a arara colorida. No entanto, nossa procura foi em vão. Ao fim, um sentimento de desânimo no despontar da noite nos assombrou - talvez mais a mim do que a ele.
- Amiguinho... imagino sim onde estaria tua arara - disse eu cabisbaixo.
- Quero que me leves até lá, pois com ela estarão todas as outras.
- Sim, mas não podes ir: tal lugar é muito perigoso e meu povo não é tão amigo das araras, nem dos indiozinhos - disse eu, segurando-lhe as mãos.
- Leva-me contigo! Nada quero além da minha amiga!
- Se eu te levar, serei como quem te roubou a arara.
No dia seguinte, parti sozinho, pois seria mesmo impossível levá-lo comigo. E sua imagem se desfazia na distância assim como minha alma se esvaía em lágrimas. Foi melhor assim. Talvez ele fosse mais triste se soubesse que meu povo é amigo das serpentes.
Foi assim que o encontrei pela primeira vez: caía a tarde e eu caminhava pela densa mata a colher amostras de plantas silvestres - pois estava trabalhando -, amedrontado pelos animais que me cercavam, quando saltou à frente aquela figura fantástica e sedutora. A princípio me assustei, mas depois, sem dizer nada, ele me acalmou com seu olhar.
- O que fazes aqui, menino? - disse eu, carinhosamente.
- Estou à procura da minha arara. Ela é muito importante para mim.
- Compreendo... tu a perdeste na selva? Mas este lugar é muito extenso e perigoso para um menino tão pequeno caminhar à procura de sua ave.
- Há muitas luas que as araras são amigas do meu povo. E esta que procuro é a dona da pena que trago em meu cocar. Sempre foi minha companheira: ela me emprestava o seu colorido e eu a protegia das serpentes. O seu revoado por sobre nossa aldeia unia o azul do céu ao amarelo do sol e ao verde das matas. Mas agora todas as araras se foram, inclusive a aminha melhor amiga. Preciso encontrá-la, pois deve estar sozinha e correndo perigo de ser devorada.
O indiozinho falava com tanta angústia que me tirava lágrimas dos olhos. E também eu passei a procurar a arara colorida. No entanto, nossa procura foi em vão. Ao fim, um sentimento de desânimo no despontar da noite nos assombrou - talvez mais a mim do que a ele.
- Amiguinho... imagino sim onde estaria tua arara - disse eu cabisbaixo.
- Quero que me leves até lá, pois com ela estarão todas as outras.
- Sim, mas não podes ir: tal lugar é muito perigoso e meu povo não é tão amigo das araras, nem dos indiozinhos - disse eu, segurando-lhe as mãos.
- Leva-me contigo! Nada quero além da minha amiga!
- Se eu te levar, serei como quem te roubou a arara.
No dia seguinte, parti sozinho, pois seria mesmo impossível levá-lo comigo. E sua imagem se desfazia na distância assim como minha alma se esvaía em lágrimas. Foi melhor assim. Talvez ele fosse mais triste se soubesse que meu povo é amigo das serpentes.
3 comentários:
Omitir as vezes pode fazer bem...
Lindo texto, profundo na sua essência.Parabéns bem atrasado,no entanto sincero,pelo prémio.
Acho que omitir em algumas situações é essencial, pena que hoje em dia é muito difícil quem consiga omitir ao invés de brigar. Tento fazer disso um dos meus lemas!
Olá, Emerson.
Estou encantada com o texto. Premiação mais que merecida.
Bravo!
Taninha
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