
eu quero viver da matéria impensável,
subterrânea e inalcançavelmente pura.
por isso, viva o homem-palavra,
que diz-se na existência...
viva a palavra-pedra,
que mata mas não empobrece o espírito,
a pequenez da areia sem praia
e sem beleza de ângulo ou verso,
o fato-verso, o anagrama de capins sem raça
e a falta de inspiração
a que nos leva o excesso de gesto,
a poesia incompreensível do ver-se.
viva a morte que crucifica o sábio para renascer o santo,
os podres poderes e os padres pobres,
os montes e as montanhas de coisas pra dizer
sem porquê,
as sombras e os breus deste dia dentro de mim,
e os homens e as mulheres, os garfos e as colheres.
eis a rima, a fonte, o mar e o horizonte,
a estrela da tarde que se foi e o sonho imprevisível,
o quase impossível de ser livre e a mente dilatada,
viva o tudo e o quase nada,
viva a vida, viva a estrada.
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