Casablanca: Paris dentro de Nós
Marcamos de assistir Casablanca juntos. Além dos bombons e da fita cassete alugada, eu não iria chegar de mãos abanando, claro, mas confesso que não via sentido, nem tinha dinheiro, para comprar rosas para lhe dar. Meu coração havia sido roubado, então era justo que o jardim da praça gentilmente me concedesse o ramalhete. E você achava graça nos arranhões que eu trazia nos braços, prova da minha coragem na luta com o roseiral.
Pode parecer estranho, amor, mas eu não sabia que o filme era em preto-e-branco. Só me disseram que era romântico. Logo pensei na ruína do namoro que começava, assistindo um filme antiquíssimo, da segunda Guerra Mundial, depois de trazer-lhe rosas roubadas e dois bombons, apenas. Por precaução, desembrulhamos logo os bombons! “Que seja doce enquanto dure”, pensei.
Casablanca é um filme que começa em preto-e-branco, mas termina colorido e contagiou nossas vidas. Depois dele é que Paris passou a existir e começou a mudar de tempo e lugar dentro de nós, mesmo sem jamais conhecê-la. Virou nosso mantra a fala: "Nós sempre teremos Paris". Afinal, no filme ela é uma lembrança e representa a felicidade que o tempo não leva: a lembrança teimosa. A cada momento difícil, Paris nos reacendia. Podia ser a lembrança de nós dois correndo na praia à noite, ou quando tomamos aquele banho gelado de cachoeira.
Por anos, decoramos trechos das falas. Raramente representei Rick, preferia ser o Sam. Afinal, você sempre me pedia para cantar: “Play, Sam, play As Time Goes By”. Não sei se por descuido ou pedido nosso, o tempo, de fato, passou. Só uma coisa permaneceu no lugar: Paris.
Unknown
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Emerson Donizeti Batista. Tecnologia do Blogger.
6 comentários:
-a felicidade que o tempo não leva-
Existe???
Não assisti!
Téia,
Nous aurons toujours Paris!
.................................
"Cuentos Bajo Pedido",
O tempo leva toda felicidade, mas a memória se encarrega de mantê-la eternamente.
Gui,
Assista!
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